Ultrassom na gravidez: treze perguntas & respostas para esclarecer as principais dúvidas de mamães e papais
O ultrassom é um dos exames mais solicitados durante o pré-natal,
para acompanhar as condições de saúde da mãe e do bebê. O termo
ultrassom se refere a ondas sonoras com frequência superior àquela que
nós, humanos, somos capazes de ouvir. Ao entender apropriadamente os
princípios físicos dessa tecnologia, o ultrassonografista está apto a
otimizar a qualidade da imagem, contribuindo para um diagnóstico de alta
qualidade e precisão. Apesar de aparentemente simples, esse exame tão
comum ainda gera muitas dúvidas entre as futuras mamães. Seguem, então,
treze perguntas respondidas pelo doutor Victor Bunduki, médico obstetra e
especialista em medicina fetal e ultrassonografia do CDB Premium, em
São Paulo:
1. O ultrassom é um exame seguro?
Dr. Victor Bunduki – “Sim, é um exame isento de contraindicações
tanto para a mãe quanto para o feto. No caso do ultrassom com
dopplerfluxometria colorida, que analisa o fluxo sanguíneo em diferentes
vasos do corpo humano, recomendamos que seja realizado somente após a
9ª semana de gestação, para maior segurança.
2. É verdade que o feto, ao contrário dos humanos, ouve o som emitido pela tecnologia ultrassom?
Dr. Victor Bunduki – “Não. No ultrassom, lidamos com mais de três
milhões de hertz, enquanto o ouvido humano escuta até dois mil hertz.
Portanto, essa questão está totalmente descartada.”
3. A partir de quando é possível ter uma imagem do bebê?
Dr. Victor Bunduki – “Como as semanas de gestação são contadas a
partir da data da última menstruação, é possível enxergar o embrião a
partir da quinta semana – pelo ultrassom transvaginal – ou ainda a
partir da sexta semana via suprapúbica. É nessa fase que, apesar de o
embrião medir poucos milímetros, podemos identificar e ouvir seus
batimentos cardíacos.”
4. Existe um ‘número ideal’ de ultrassonografias recomendado às gestantes?
Dr. Victor Bunduki – “Não há um número ideal. Quem determina os pedidos
de exame é o obstetra da paciente, de acordo com as características da
gestação. Entretanto, quatro exames seriam o mínimo necessário durante
uma gestação normal. O primeiro, para confirmar a gravidez e descartar
ou não a gestação gemelar. Ainda no primeiro trimestre, medimos a
translucência nucal; no segundo trimestre, é possível realizar uma boa
avaliação morfológica; e, no terceiro trimestre, devemos revisar a
morfologia e acompanhar o crescimento, a quantidade de líquido amniótico
e o aspecto da placenta.”
5. O que significa “translucência nucal”?
Dr. Victor Bunduki – “Trata-se de um exame de rastreamento de
alterações genéticas (cromossomopatias) – como a Síndrome de Down, por
exemplo – em que medimos a região da nuca do bebê. Em bebês que têm
alterações cromossômicas essa medida pode estar aumentada. Esse exame,
portanto, não tem finalidade diagnóstica, mas seleciona as pacientes que
teriam indicação de estudo do cariótipo (colhido por punção de
vilosidade coriônica ou do líquido amniótico).”
6. Em que período da gestação o ultrassom é mais importante?
Dr. Victor Bunduki – “Todos são igualmente importantes. O primeiro
exame é muito útil para confirmar a gestação, identificar o local da
implantação e determinar a idade gestacional. O segundo, também chamado
de morfologia do primeiro trimestre, mede a translucência nucal,
conforme mencionado. O terceiro exame morfológico confirma a idade
gestacional, avalia o crescimento e, principalmente, a morfologia fetal.
Já o quarto tem o objetivo de avaliar o crescimento, a quantidade de
líquido e a placenta – além de revisar a morfologia. Isso tudo pode ser
realizado também no segundo trimestre, mas existem patologias típicas do
terceiro trimestre que podem levar a alterações de líquido e da
placenta. Daí a importância de realizar um ultrassom nessa fase da
gravidez.”
7. Que doenças podem ser identificadas durante o ultrassom gestacional?
Dr. Victor Bunduki – “São inúmeros tipos de malformações estruturais
que podem ser detectados pelo ultrassom. Entre os mais recorrentes
estão a hidrocefalia – que é o acúmulo de fluido cerebroespinhal nas
cavidades ventriculares do cérebro – e outros distúrbios do sistema
nervoso central, além de alguns tipos de malformações cardíacas, entre
outras.”
8. Em que casos o obstetra costuma solicitar exames mais sofisticados de ultrassom, como Doppler, 3D e 4D?
Dr. Victor Bunduki – “O ultrassom com doppler é indicado para
avaliar a circulação da mãe para o bebê e para checar o fluxo nos vasos
internos do bebê. É importante nos casos de diabetes, hipertensão e
retardo de crescimento fetal, por exemplo. Já o ultrassom 3D nos
permite enxergar as estruturas fetais em três dimensões, melhorando
muito a visão da anatomia de superfície, principalmente do rostinho do
bebê. Também é muito útil como complemento do ultrassom convencional em
caso de diagnóstico de malformações. No 4D, além das imagens bastante
reais, também é possível acompanhar os movimentos do bebê.”
9. É possível que o ultrassom cometa erros, indicando problemas inexistentes?
Dr. Victor Bunduki – “Por mais que uma tecnologia ofereça recursos
de ponta, o exame depende de um operador passível de cometer falhas. Por
isso, além de se recomendar que uma malformação, por exemplo, seja
confirmada através de um novo exame, é importante que a gestante realize
seus exames em clínicas com boa reputação, principalmente que tenham
profissionais especializados em medicina fetal.”
10. Mesmo que todos os exames solicitados estejam aparentemente
normais, é possível que uma criança nasça com alguma malformação?
Dr. Victor Bunduki – “É possível, já que a sensibilidade ou taxa de
detecção do ultrassom gira em torno de 90% na identificação de
malformações estruturais. Sendo assim – e por existirem malformações
muito discretas, de difícil identificação – o exame tem suas limitações.
Por isso, há casos em que há indicação de um acompanhamento rigoroso,
com a realização de exames complementares.”
11. Há casos em que o ultrassom identifica a necessidade de intervenções na hora do nascimento do bebê?
Dr. Victor Bunduki – “Sim, especialmente as cardiopatias e doenças
do tórax. Há intervenções que podem ocorrer inclusive no ambiente
intrauterino, como transfusões de sangue, derivações (ventriculares,
renais), punções de líquido amniótico com finalidade terapêutica, entre
outros. Fetos portadores de malformações cardíacas graves devem nascer
em um centro de referência provido de UTI neonatal, cardiologistas
pediátricos e cirurgiões cardíacos, prontos para atender o recém-nascido
cardiopata, dado que desse atendimento depende a sua sobrevida.”
12. Como deve ser a preparação da gestante para o exame de ultrassom?
Dr. Victor Bunduki – “Nos três primeiros meses é necessário que a
gestante beba bastante água antes de se submeter ao exame. Pelo menos,
entre quatro e cinco copos. Depois da 12ª semana, entretanto, isso não é
mais necessário. Vale ressaltar que, ao contrário do ultrassom
suprapúbico, o transvaginal é realizado com a bexiga vazia. O gel
utilizado durante o exame é o meio ideal para a transmissão das ondas
sonoras através da pele e facilitar o deslizamento do equipamento.”
13. A partir de quando é possível saber o sexo do bebê?
Dr. Victor Bunduki – “Apesar de o sexo ser definido no momento da
concepção, o órgão genital se desenvolve entre nove e doze semanas de
gravidez. Portanto, entre a 14ª e a 16ª semana, dependendo da posição do
bebê, é possível identificar o sexo da criança. Quando a criança está
sentada sobre as perninhas ou quando está de pernas cruzadas, é mais
difícil a visualização de sua genitália – obrigando os pais a terem um
pouco mais de paciência para obter essa informação.”
Fonte: Dr. Victor Bunduki, médico obstetra, professor associado da
Faculdade de Medicina da USP, e especialista em medicina fetal e
ultrassonografia do CDB Premium, em São Paulo – www.cdb.com.br
Via Press Páginas Projetos de Comunicação
terça-feira, 22 de novembro de 2011
Ultrassom na gravidez: Perguntas e Respostas
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